Projeto ensina aos alunos de Bandeirantes a importância das culturas afro-brasileira e indígena

As culturas negra e indígena estão mais presentes no nosso dia a dia do que imaginamos. Seja na culinária, no vocabulário ou na música, o Brasil se formou com forte influência dessas culturas, que resistiram, apesar da estigmatização e tentativa de apagamento.

Em Bandeirantes o projeto “História e Cultura Afro-brasileira e Indígena”, desenvolvido na Rede Municipal de Ensino mostrou um pouco dessa riqueza. A apresentação aconteceu, ontem (9,) na Escola Leontina Luciana da Silva, durante a jornada formativa dos educadores promovida pela Secretaria de Educação.

O projeto teve início em 2024, com pesquisas realizadas pelos professores e conversas com os alunos sobre a importância dessas culturas.

A professora de Artes, Francielle Gadotti, da Escola Leontina, notou que, no começo, os estudantes mostraram um certo preconceito com os indígenas.

“Entre os alunos, nós temos indígenas que não se reconhecem como indígenas. Eles tem uma certa timidez de assumir isso”.

Por isso, ela iniciou o projeto falando com os alunos sobre a importância de se valorizar a ancestralidade, além de destacar obras literárias de autores indígenas que escrevem sobre os indígenas e sua cultura.

“Eu percebi que nós despertamos neles uma curiosidade, eu acho que educação não se faz sem afeto, sem curiosidade. Aqui temos tentado trabalhar que a escola tem que ser um lugar de encontros e a educação tem que ser divertida, porque se ela não for, não faz sentido”.

A professora, que também é produtora cultural e curadora, levou para a apresentação uma exposição de arte indígena. “Agora meus alunos se cumprimentam usando porã em vez de bom dia”, comemorou.

Cultura Afro-brasileira

A cultura negra também influenciou e enriqueceu a cultura nacional. Mesmo com a escravidão e as atrocidades cometidas contra os negros no Brasil eles nunca esqueceram sua raízes. Até nas longas travessias do continente africano ao Brasil, viajando em condições sub-humanas, davam um jeito de distrair seus filhos através do artesanato.

A professora Rita de Cássia, da Escola Municipal José de Anchieta – Extensão Matão, contou essa história para os seus alunos. Para isso, ela confeccionou bonecas de pano, a mesma que as mães, usando tecido de suas roupas, davam para as filhas se distraírem durante as viagens.

Já as professoras da Escola Municipal José Bonifácio prepararam uma feijoada, com direito a farofa, farinha, laranja e rapadura para a sobremesa. Elas também produziram jogos africanos.

Participaram também da apresentação a Escola Municipal Patotinha, com peças de artesanato indígena e afro-brasileiras e a Escola José de Anchieta, que trouxe as tintas, feitas de urucum e jenipapo, usadas pelos indígenas no artesanato e na pintura corporal.

LDB 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas do ensino fundamental. A medida visa o reconhecimento da nossa diversidade cultural e o combate ao racismo e preconceito.

Ricardo Maia/Ascom

Fotos: Ricardo Maia